Sessões gratuitas da peça ‘Por elas’, sobre feminicídio, no Rio de Janeiro

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A PEÇA “POR ELAS”, SOBRE FEMINICÍDIO, SERÁ ENCENADA DIAS 28, 29 E 30 DE MARÇO

Espetáculo terá apresentações gratuitas, às 19h, no Centro Cultural do Poder Judiciário

“Isto é um julgamento?” Esta é a primeira fala da peça Por Elas. Quem nunca culpou a vítima de violência por permanecer num relacionamento abusivo? Quem nunca ignorou a briga de um casal por preferir não se meter? Quem nunca julgou o comportamento de uma mulher pelo tamanho de sua saia ou pelos amantes que ela teve? A maioria de nós, em algum momento, já reproduziu sem perceber um comportamento machista e esse é um dos motes da peça, que aborda o tema da violência doméstica e terá duas apresentações gratuitas nos dias 28, 29 e 30 de março no Museu da Justiça-Centro Cultural do Poder Judiciário. O objetivo primordial do espetáculo é provocar a reflexão e estimular o debate sobre os direitos humanos e equidade de gênero, cooperando para a prevenção e o enfrentamento da violência doméstica e do feminicídio na sociedade.

Originada de retalhos de histórias reais, a dramaturgia de “Por Elas”, dirigida por Sílvia Monte, com texto de sua autoria em parceria com o advogado e dramaturgo Ricardo Leite Lopes, passeia pelo épico e pelo dramático, pelos tempos presente e passado. Cada uma das sete personagens femininas carrega histórias de outras tantas mulheres brasileiras. A figura masculina – evocada pelas lembranças das mulheres – provoca a reflexão do que o homem representa para elas dentro desse universo perverso de “amor e ódio”, “submissão e poder”, das relações entre mulheres e homens, numa sociedade patriarcal que estimula o machismo.

“A nossa sociedade é muito machista e lida com isso de forma naturalizada. Comportamentos machistas acontecem de forma corriqueira e são reproduzidos dentro da família, na escola, no trabalho, com os amigos, enfim, nas nossas relações do dia a dia. ‘Por Elas’ trata disso. Nas vozes e na histórias das mulheres da peça ecoam comportamentos violentos e abusivos, muito deles consentidos e perpetuados pelas próprias mulheres. A visão machista do mundo é uma das razões fundamentais para que aconteçam todos os tipos de atos violentos em relação à mulher, desde um comentário desagradável ao corpo da mulher, até o seu assassinato por razão de gênero. A questão da violência contra a mulher é um tema que não pode deixar de ser pensado na arena da dramaturgia brasileira. Precisamos pensar sobre essa questão, e o teatro é um lugar ideal para atingir mentes e corações”, defende Sílvia Monte, diretora do espetáculo e idealizadora do projeto.

O elenco é formado por Adriana Seiffert, Ana Flávia Bishuettes, Elisa Pinheiro, Letícia Vianna, Natalia Balbino, Renata Guida, Rosana Prazeres e Lucas Gouvêa. Na ficha artística, composta basicamente por mulheres, Luci Vilanova assina o figurino que dialoga com a economia de elementos, equaliza o grupo de mulheres e Maíra Freitas cria a trilha com músicas originais inspiradas a partir de elementos sonoros das histórias dos personagens.

SERVIÇO

TEATRO

“Por Elas”, de Sílvia Monte, texto e direção, Ricardo Leite Lopes, texto. Um grupo de mulheres desconhecidas entre si que, em comum, têm a violência na sua vida amorosa, está reunido para falar sobre suas histórias. Conforme os relatos vão acontecendo, os conflitos, os preconceitos, a dor e a própria violência surgem no grupo. Elenco: Adriana Seiffert, Ana Flávia Bishuettes, Elisa Pinheiro, Letícia Vianna, Natalia Balbino, Renata Guida, Rosana Prazeres e Lucas Gouvêa. Classificação indicativa: 14 anos. Duração: 80 min.

Museu da Justiça-Centro Cultural do Poder Judiciário – Por Elas nos dias 28, 29 e 30 de março, às 19h. Entrada grátis, com retirada de senha a partir das 18h30. Rua Dom Manuel, 29, térreo. Centro. Informações: 3133-3768 / 3133-3548.

ASSESSORIA DE IMPRENSA

Sheila Gomes

assessoriasheilagomes@gmail.com

porelas.assessoria@gmail.com

(21) 98479-7111

DEPOIMENTOS DE QUEM ASSISTIU AO ESPETÁCULO

Gilberto Bartholo (crítico):

“Gostei muito da peça, emocionei-me bastante com todas as situações desfiladas. Nada era desconhecido para mim e, creio, para a grande maioria dos que faziam parte daquela assistência, no entanto sentir aquela realidade, tão bem representada por um elenco afinado bate mais forte e tenho certeza de que todos os envolvidos no projeto estão conscientes de quão valioso é o serviço que estão prestando, com seu trabalho, a uma causa que, felizmente, está ganhando corpo, não tanto, porém, na mesma proporção em que aumentam as estatísticas com relação às mulheres vítimas de homens violentos, animais irracionais, numa selva ou num campo de pedra”.

Luiza Brunet (modelo e atriz, vítima de violência doméstica) :

“O espetáculo é incrível, super bem ilustrado, atores são muito bons e as histórias são reais, que a gente está acostumado a ver. Eu fiquei muito mexida, constrangida, o final que as penas são tão pequenas para esses tipos de casos. A peça desmistifica essa impressão de que é só a mulher negra, pobre, favelada que se depara com a violência doméstica. Eu mesma sou um exemplo disso, sou mulher independente, bem-sucedida, que tenho um certo conhecimento, mas também fui atingida por uma agressão física que me fez muito mal, mas eu tive coragem de sair desse ciclo vicioso depois da sexta agressão física, é difícil sair. E estou inteira, comecei a fazer parte do grupo do enfrentamento, e acho que a gente precisa encorajar outras pessoas a sair disso. Eu fui muito julgada por outras mulheres. Acho que essa é a pior parte de toda a minha história desde que fiz a minha denúncia. Ele foi condenado, pediu habeas corpus, mas o tempo todo ouvia “O que foi que ela fez?”, “Ela deve ter se machucado para tirar o dinheiro dele”, “Eu duvido que ele tenha feito algo, ela era um homem maravilhoso”, a pior coisa de você fazer a denúncia é enfrentar o julgamento, porque isso é o que mata você. Não senti sororidade nenhuma. Procuro fazer o oposto do que fizeram comigo quando encontro uma mulher que foi agredida, você abraçar, dar amor e confiar no que ela fala. Hoje, minhas redes sociais funcionam como se fosse um consultório. É inacreditável, comecei a participar de palestras, dentro e fora do Brasil, para falar sobre essa questão, sobre os diferentes tipos de agressão. Tive na ONU há duas semanas atrás, foi fazer um trabalho em Genebra e no Brasil, são vídeos para as mulheres terem um pouco mais de informação, para chegarmos onde a informação não chega. Vou falar da minha experiência para tocar outras mulheres, para que elas prestem atenção da forma de vida que elas levam, para que as que estão dentro de um relacionamento abusivo percebam que serão mortas. Estou fazendo minha parte como mulher e cidadã, acho que todas as mulheres deviam se dar as mãos se unir para fazer um movimento gigantesco porque é uma epidemia mundial”.

Cristiane Machado (atriz e vítima da violência doméstica):

“Eu quero dividir com vocês um espetáculo maravilhoso sobre um tema que eu vivi na minha vida que foi a violência doméstica, no meu caso, foi uma tentativa de feminicídio. Eles relatam com muita sutileza, com depoimentos reais sobre diversos casos, desde a menina rica a menina mais pobre. Narra a história de sete mulheres de diferentes classes sociais. Vale como um alerta para a sociedade, para as mulheres, para os homens, o quanto é difícil você detectar um relacionamento abusivo e que sirva de lição para que as mulheres não cheguem a ser mortas. Para que elas entendam que aquilo que estão vivendo é abusivo e que têm que ir embora. Eu, como atriz, mulher, que viveu uma tentativa de homicídio, uma violência doméstica, me sinto com o dever de conscientizar e educar cada vez mais as mulheres. Vale muito como educação, como cultura, como conscientizar a população para ajudar os sistema judiciário e policial a se preparar para receber essas mulheres. Fiquei encantada, quem assistir vai sair do teatro com a cabeça transformada. Eu, que vivi um caso como esse, me tocou bastante para continuar a conscientizar mulheres que estão sendo vítimas. Vão assistir esse espetáculo incrível, com atrizes incríveis. Eu me senti extremamente tocada, especialmente porque eu vivi essa tristeza na minha vida, que foi ser vítima de uma tentativa de feminicídio do meu próprio marido”.

Jacqueline Pitanguy (Socióloga e cientista política, fundadora e diretora executiva da ONG CEPIA – Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação; Presidente do Conselho Diretor do WLP, Women Learning Partnership for Rights, Development and Peace)

“Trabalho admirável, belíssimo texto. Elenco excelente! POR ELAS me comove por várias razões, primeiro porque ela reconstrói a vida de uma forma não maniqueísta, ela considera a ambiguidade do relacionamento humano, particularmente do relacionamento afetivo, e pensa o problema da violência de gênero nas suas diversas dimensões – psíquica, cultural, social e institucional.”

Adriana Ramos de Mello (Juíza de Direito, Titular do 1º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro)

“POR ELAS me deixa muito emocionada. A peça retrata o pensamento da sociedade diante da violência contra a mulher. Cada uma das suas personagens eu vejo nos processos do meu dia-a-dia. É muito real e impactante!”

Shuma Schumaher (Pedagoga e ativista feminista, Coordenadora Executiva da ONG REDEH – Rede de Desenvolvimento Humano e integrante da Articulação de Mulheres Brasileiras)

“A peça é ótima e realmente provoca muitas reflexões, muitos debates, mas, principalmente, POR ELAS provoca a gente pensar sobre essa tragédia que está a nossa volta. E essa tragédia tem que ser debatida.”

Claudia de Moraes (Major da Policia Militar PMERJ. Coordenadora dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro e subcoordenadora de Comunicação Social da PMERJ; autora do Dossiê Mulher 2018, Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro).

“A Lei Maria da Penha diz que a gente tem que produzir informações, pois o que a gente não sabe não está no mundo, não existe. Precisamos encontrar várias formas para falar sobre a violência de gênero e POR ELAS trata essa dura questão com leveza e delicadeza.”

ELENCO

Adriana Seiffert – SANDRA Ana Flávia Bishuettes – ÂNGELA Elisa Pinheiro – DANIELA Letícia Vianna – MARIANA Natalia Balbino – MÔNICA Rosana Prazeres – JOSILENE Renata Guida – IEDA Lucas Gouvêa – HOMEM

FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA

Sílvia Monte [Texto e Direção]

Ricardo Leite Lopes [Texto]

Luci Vilanova [Figurino]

Ana Luzia de Simoni [Iluminação]

Maíra Freitas [Trilha Sonora Original]

Anderson Cunha [Diretor Assistente]

Monique Rosas [Assistente de Figurino]

Cris Ferreira [Operação de Luz]

Ananda Amenta [Operação de Som]

Nena Braga [Identidade Visual]

Marcelo Carnaval [Fotografia]

Sheila Gomes [Assessoria de Imprensa]

Ana Righi e Aline Miranda [Redes Sociais]

PRODUÇÃO

Centro Cultural do Poder Judiciário – Museu da Justiça

Grace Rial e Ramon Roque [Produção Executiva]

Juliana Gonçalves [Assistente de Produção]

Natália Thiago [Agendamento de Grupos]

REALIZAÇÃO

Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro

Centro Cultural do Poder Judiciário – Museu da Justiça

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