Setor Pesqueiro Catarinense à deriva: “Tarifação Americana agrava crise e ameaça milhares de empregos”

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O setor pesqueiro de Santa Catarina, responsável por movimentar uma das maiores cadeias produtivas do estado, enfrenta um dos momentos mais delicados de sua história recente. A imposição de novas tarifas de importação por parte dos Estados Unidos, que chegaram a 50% sobre alguns produtos brasileiros, interrompeu embarques marítimos de pescados e acendeu o alerta vermelho em toda a cadeia econômica ligada à pesca.

Santa Catarina tem posição de liderança no cenário nacional da pesca industrial e artesanal, especialmente pelas operações concentradas nos portos de Itajaí e Navegantes. A região é responsável por aproximadamente um terço de todas as exportações brasileiras de pescado, e o mercado norte-americano representa uma fatia considerável desse comércio. Com a tarifação, dezenas de empresas interromperam seus envios, cancelando contratos e suspendendo rotas logísticas. Apenas envios aéreos, em caráter emergencial e com prazo limitado, ainda seguem em operação.

O impacto é imediato: milhares de toneladas de pescado deixam de ser embarcadas, armazéns operam com estoque represado e trabalhadores enfrentam incertezas. Estima-se que o setor gere mais de 60 mil empregos diretos e indiretos no estado. A interrupção nas exportações pode provocar demissões em larga escala, atingindo desde os profissionais embarcados até os trabalhadores da indústria de beneficiamento, transporte e logística.

A situação revela também a vulnerabilidade de uma economia altamente dependente de poucos mercados compradores. Empresários e lideranças do setor têm buscado alternativas na Europa e em países da América Latina, mas a construção de novos canais comerciais exige tempo, certificações, acordos sanitários e capacidade logística. Enquanto isso, a pressão financeira recai sobre empresas que já enfrentavam desafios como o aumento do custo de produção, escassez de insumos e instabilidade cambial.

Outro ponto sensível é o prejuízo à imagem internacional do produto brasileiro. Muitos contratos são firmados com antecedência e cláusulas rígidas de entrega. O descumprimento dessas condições, por mais que seja provocado por fatores externos, pode afastar compradores e gerar efeitos duradouros sobre a confiança no fornecimento.

Autoridades estaduais têm se mobilizado para intermediar o diálogo com representantes do governo federal, buscando atuação diplomática que alivie os impactos da medida americana. Entidades setoriais também propõem uma força-tarefa para preservar a cadeia produtiva e mitigar o colapso em algumas empresas locais.

Enquanto soluções não chegam, a incerteza paira sobre o setor. Em meio ao mar revolto da política comercial global, o setor pesqueiro de Santa Catarina navega à deriva, tentando evitar um naufrágio que pode arrastar milhares de trabalhadores e comprometer um dos pilares econômicos do estado. A resposta exigirá agilidade, articulação internacional e visão estratégica — não apenas para salvar o presente, mas para redesenhar o futuro da pesca brasileira.

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